Há dias que me sinto desfeita em pedaços. Dias que não entendo como é que as minhas mãos estão ligadas a mim. Como é que o meu cabelo se move quando eu ando, danço ou corro.
Não sei como as minhas mãos gesticulam quando falo, ou pegam nas coisas quando eu quero.
Há dias que eu não sei onde os meus pés me levam, onde me querem levar, ou como me querem levar.
Não sei como vou, como fui, como quero ir. Há dias que estou num sítio e penso como fui lá parar.
Há dias que não sei como a minha pele me pertence. Não sei como sinto quando a água e a brisa lhe toca. Não sei como sentir o toque de outras pessoas, não sei como me dói quando me magoo.
Há dias que não sei o que penso. Há dias que estou assim, a pensar demasiado.
Há dias que acordo feliz sem saber porquê.
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